Os livros que li me fizeram gente. Não há dúvida. Sou o que sou, em parte, por ter tido a decência de ler alguma coisa do que esteve ao meu ao alcance ao longo de minha vida. Antes de qualquer outra observação, tenho que dizer o quanto me sinto aflita, ao entrar numa grande livraria e constatar o quanto eu não sei. O que me falta ler. Talvez seu eu pudesse morar dentro de uma biblioteca ou numa dessas livrarias maravilhosas, coloridas, chamativas e bem arrumadas, e se eu não precisasse comer nem dormir, nem pagar contas, ou qualquer outra atividade comum aos humanos, eu poderia saciar-me dessa fome de descobrir o que há por dentro dessas capas tão bem elaboradas.
A primeira biblioteca que conheci foi na escola primária. Ajudei a organizar. Todos os livros eram encapados com papel verde, numerados e separados por assunto. Todo sábado, podíamos levar livros para casa. Devolvíamos na segunda-feira. Eu levava dois pequenos ou um grande. Durante a semana, líamos em sala de aula.
Em minha casa, papai assinava a Revista "O Cruzeiro". É claro que eu devorava. Uma vez,acho que por volta dos oito anos, perguntei a ele o que era "conforto flutuante" e para que servia uma coisa feita de "pétalas macias". Lembro que ele esquivou-se e nunca me respondeu. Mais tarde, descobri que o anúncio que mostrava uma bela moça num balanço, com os cabelos soltos ao vento, era a propaganda de um absorvente feminino.
Meu tio assinava a Revista Seleções e me emprestava, assim que chegava a outra.
Era um mundo que chegava até minhas mãos sem que eu fizesse nenhum esforço...
Até hoje, quando leio essa revista, tenho a sensação de que o tempo não passou. Ela continua igual. Mas o mundo mudou. A minha vida mudou. O bombardeio diário de informações e acontecimentos me causa um tipo grave de frustração. O tempo não espera e as necessidades são tantas...
sexta-feira, 22 de janeiro de 2010
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Os livros, sem dúvida, fazem parte da alma humana.
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