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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dia dos namorados

Dentro da manhã de desejos: Olhos. Bocas. Tudo entrelaçado.Bônus  de um dia imprevisto,

dentro do universo possível e em alta  velocidade.  Corpos, geografia, a inércia do mundo, dentro de um tempo parado. 
(Chegar e partir são verbos necessários.)
Mesa posta para dois
ao meio-dia deslumbrado,
O que mais precisaria?

E num cinema qualquer,  um filme na tela
outro na cabeça, para
"o dia depois de amanhã"
baldes de pipoca e coca-cola, na completude de gestos simples.

Um dia pleno dentro de tantos vazios.Tudo que não se repete, é único.
Dentro de tudo que é demasiado.

Terezinha Manczak
o  tremor das pálpebras,
o esgar dentro das retinas úmidas,
fechadas em quase verbo



separa a noite do dia


a madrugada branca
sem aurora,
da manhã que chega sem nada nas entranhas.


: um vazio entre fechar  e abrir de olhos, quando a luz entra sem pedir licença:

o que chega e chega e chega sempre é o mesmo dia
cantiga triste, sem nome,
estrela que cai
em pântanos, sem consequências.

                             Terezinha Manczak

domingo, 19 de junho de 2011

As praças

pelas narinas verdes da praça,
a cidade respira
a praça ao lado da fábrica
( a máquina)
a praça ao lado do rio
(o esgoto)
a praça ao lado do estádio
( o lixo)
a praça ao lado dos edifícios

a praça é verde e plácida
livre, sabe o vento
o riso, a asa, o voo

mesmo quando vazias
de homens , mulheres e crianças
as praças não são inúteis.
                      Terezinha Manczak

sábado, 11 de junho de 2011

O olho de lama
Terezinha Manczak

O olho dentro do furacão
É o olho de lama que escorre
Dentro e fora dos alicerces

Escultura de água e pó
Que emerge do inferno
Do poço de cada um

Retina estilhaçada
Lato em cinza e chumbo
O próprio olho de açoite

O olho de lama espia
Do centro do furacão
Dentro e fora: voraz

quarta-feira, 8 de junho de 2011

o poema por dentro
polpa de fruta madura,
ou sumo verde da pressa

escorre nos  veios da carne
nos pelos do púbis

e deixa na boca o prazer
da palavra
impressa em dardos


                    Terezinha Manczak