domingo, 28 de fevereiro de 2010
O olho de lama
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
+ Microcontos
Microcontos / Série humor negro
De Terezinha Manczak
Ofício
De mão em mão, a luva esbravejava: Não nasci prá faxineira!
Mínimo
O escritor resumiu ao máximo o seu conto. Digitou um ponto.
Relação
Clara, gema. Gema, Clara! Finja, mas não me desaponte.
Socialite
Tentava de todas as formas "aparecer" no jornal. Tiveram que trocar a fechadura.
Cristal
O vinho era tão seco que precisava ingeri-lo com água.
De Terezinha Manczak
Ofício
De mão em mão, a luva esbravejava: Não nasci prá faxineira!
Mínimo
O escritor resumiu ao máximo o seu conto. Digitou um ponto.
Relação
Clara, gema. Gema, Clara! Finja, mas não me desaponte.
Socialite
Tentava de todas as formas "aparecer" no jornal. Tiveram que trocar a fechadura.
Cristal
O vinho era tão seco que precisava ingeri-lo com água.
sábado, 20 de fevereiro de 2010
Painel Poético/Dia Internacional da Mulher
Luzes
Nada sei de bares
Noites
Botequins
Só sei de fronhas limpas
Troca de lençóis
Luzes de abajur
Mesas e jantares
Só sei de aconchegos
Copos quentes de leite
Corpos quentes de amor
Começo ao amanhecer
E vou até o fim do dia
Por isso meu poema simples
Ingênuo
Retiro da rotina
Minha poesia
Meus versos são estrelas
Caídas da noite
E aos tropeços as encontro
No meio do meu dia
Terezinha Manczak
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010
A paz que procuramos
De maneira bem simples, sem sofisticações ou rebuscamentos, a minha opinião é que buscamos a paz e o sossego de maneira equivocada.
Assunto cansativo e batido por todos os jornais, noticiários de TV, boletins de ocorrência, são as cenas de violência no trânsito, congestionamentos, estresse, discussões. Perda de sono, de paciência e de apetite. E até da vida, cada vez mais do que se poderia suportar.
Li nos jornais de hoje as reclamações de quem não sabe mais pra onde ir, em busca de um pouco de silêncio e descontração. Antes buscava-se a praia. Havia lugar melhor?
Desnecessário falar aqui da dificuldade que encontramos hoje para conseguir lugar até para esticar uma toalha. Sem falar das filas pra tudo. A solução então, seria procurar o campo, a serra, as represas e hotéis fazenda. Salvo algumas excessões, li também, que durante o Carnaval, nem em Rios dos Cedros dava para relaxar. Barulho até altas horas. Para onde iremos? Outra galáxia?
Pergunto: Se é assim, por que temos que viajar todo feriadão, justamente para onde todo mundo vai?
Gostamos de sofrer ou o quê? O Brasil é tão grande, o mundo é tão vasto! O interior é tão rico em paisagens, comidas, lugares e pessoas. Nossos parentes e amigos ficam na cidade, até à vezes um pouco solitários. E pra onde vamos nós? Atrás do trio elétrico. Atrás do Galo da Madrugada. Atrás de encrenca. Desde a última vez que levei três horas para vir de Bombas a Balneário, desisti. No verão eu passo direto.
Pois eu fiquei em casa durante o finado Carnaval. Tédio? Nem um pouco. Livros, tenho vários para serem lidos. Amigos para conversar, é só passar a mão no telefone. Sem falar dos parques vazios e ruas mais vazias ainda. Sem mencionar as revistas de decoração, os novos projetos, os sonhos de mudança. E sem falar do meu tear!!! Minha mais doce TeArpia.
Não sou contra e adoro viajar e aproveitar feriados. Mas se a paz que tanto desejamos está aqui dentro, bem dentro do nosso peito, não precisamos ir tão longe para buscá-la.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010
A casa poética
A casa poética
Terezinha Manczak
(para o Otto)
Não existe casinha mais poética que uma casa de pescador. Tudo nela se reveste de simplicidade, cheiros, cores e sons. Nela se descortinam madrugadas frescas e douradas de aurora, com a água do mar batendo quase na porta da cozinha. Pelas janelinhas de madeira com tramelas simples, entram o rumor das ondas e a brisa do ar marinho. E quando um assovio mais forte no meio da noite açoita as paredes do quarto, o morador fecha os olhos com força e evoca lembranças de velas brancas e moças de pele morena. Lembra de cardumes cintilantes passando ao lado da embarcação.
Na cozinha, de chão cimentado com areia do mar e resíduo de conchas, pouca coisa é necessária. Basta uma pia para limpar o peixe e lavar a louça. Um pequeno fogão a gás, uma geladeira e uma mesinha para apoiar os pratos. Armários de madeira guardam a louça, panelas, copos e talheres. Do outro lado, um forno de tijolos para assar o pão. Um fogão a lenha com grelha e chapa de ferro para uma caldeirada, ou um feijão preto para os amigos. Uma rede de algodão, presa entre dois ganchos, estica os dedos de fios grossos para aliviar o cansaço do marujo, que chegou às seis da tarde. Uma velha canoa, pendurada na parede externa da casa vizinha, guarda em seu casco sinais e marcas do tempo. Histórias de amor e perdição. Ondas mansas e bravias, tempestades, trovões, naufrágios, salvação e morte.
Tenho um amigo que mora numa casinha assim. Geralmente são caiadas de branco ou verde, artísticamente decoradas com madeira de demolição. Paus roliços recolhidos das vazantes podem virar pernas de mesa ou corrimão de escadas.
Ele não vive da pesca. Mas vive do jeito simples e ecológico, que vivem os homens do mar. Em terra firme, ele constrói seus barcos. Enquanto trabalha a madeira e as cartas de navegação, planeja a próxima aventura, que tanto pode ser para Ilha Bela como Londres. Mar ou ar, tanto faz. Ou ainda para a Austrália, Havaí ou a Patagônia. Mas, no seu cantinho de mundo, protegido por enormes pedras e mata nativa ninguém é mais poeta do que ele. Quando escreve fala de maçãs e soldados, crianças abandonadas, hipocrisia e solidão.
Ao anoitecer, antes de fazer uma leve refeição, toma um banho de água gelada que vem direto da fonte. Acende pequenas tochas de querosene, para não ofuscar a luz da lua cheia. Deita-se na rede vermelha, toma o violão entre os braços e dedilha mais uma canção de amor.
Terezinha Manczak
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